Clima de emoção marcou chegada de brasileiros da Faixa de Gaza
Voo foi o décimo da Operação Voltando em Paz
Voo foi o décimo da Operação Voltando em Paz
A chegada dos 32
repatriados da Faixa de Gaza na noite dessa segunda-feira (13) foi marcada por
muitos abraços e muita emoção. Assim que duas crianças desceram
da aeronave VC-2, da Força Aérea Brasileira (FAB), um homem correu para
abraçá-las na pista da Base Aérea de Brasília, momento acompanhado por todos
que foram recepcionar o grupo resgatado da região mais afetada pelo conflito
entre Israel e o Hamas.
Era Mohammed Jabr
Ismil que aguardava há mais de 30 dias para abraçar os filhos. A esposa de
Mohammed e os três filhos do casal, de 13, 11 e 9 anos, estavam entre
os repatriados no voo.
“O importante é que
estão vivos e agora vou fazer tudo para eles”, disse Mohammed, em tom de alívio
e felicidade.
Mohammed Ismil,
palestino com cidadania brasileira, conta que a família viajou em maio a Gaza
para visitar parentes, com volta prevista para setembro. Ele, que é comerciante
e está no Brasil há cinco anos, permaneceu em Brasília, onde vivem.
Assim que a guerra
começou, a angústia tomou conta da família. Aos jornalistas, que acompanharam a
chegada dos repatriados, Mohammed contou que nesses mais de 30 dias a rotina da
família foi marcada por medo, falta de água e energia, falta de comida e
dificuldade de comunicação.
“Mandava uma
mensagem para mim a cada dois, três, quatro dias. Só uma mensagem e
descarregava a bateria do celular”, disse.
Ele relatou que a
esposa e os filhos – dois meninos e uma menina – precisaram mudar de casa três
vezes em razão dos bombardeios no enclave palestino.
“O pior foi ver
pessoas mortas”
Aos 9 anos de
idade, Lin, filha de Mohammed, disse que não quer se lembrar dos momentos
vividos em Gaza com a mãe e os irmãos. Ao ser perguntada qual foi o pior
momento, ela respondeu: “Ver pessoas mortas”.
A garota demonstrou
alívio em deixar a região e voltar para casa. “Sinto que estou em uma cidade
maravilhosa. Só quero ficar no Brasil”, afirmou.
A esposa de
Mohammed contou que não há mais como viver em Gaza, que a região está cada vez
mais perigosa.
Mohammed disse que quatro irmãos ainda estão no enclave e lamenta que não tenham como deixar o local. “Eles não têm opção, pois a Faixa de Gaza está fechada”.
“Estou viva”
Quem também estava
no voo era a jovem Shaed Albanna, de 18 anos, que durante as últimas semanas
mostrou nas redes sociais e em vídeos o que os brasileiros estavam enfrentando
no território.
Ao lado da irmã,
ela desceu do avião abraçada à Bandeira brasileira.
"Não
consigo acreditar que estou aqui. Viva, feliz, emocionada de verdade.
Não estamos acreditando que chegamos. Finalmente estamos seguros. É muito bom a
gente se sentir seguro. Faz muito tempo que não me sentia assim".
A jovem, que morava
em São Paulo, foi para a Palestina com a mãe, que estava com câncer avançado e
desejava ficar próxima de parentes. Ela presenciou os primeiros bombardeios em Gaza quando
saía de casa, pela manhã, para ir à faculdade.
Shaed Albanna pediu
apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para resgatar parentes que ainda
estão no meio do conflito.
O presidente, que
recepcionou e abraçou os repatriados na Base Aérea junto com diversos
ministros, afirmou que o governo brasileiro continuará tentando buscar
todos os que quiserem sair da região do conflito e voltar para o Brasil ou, no
caso de estrangeiros, acompanhar os parentes brasileiros.
“A gente
vai fazer todo o esforço que estiver ao alcance da diplomacia brasileira
para tentar trazer todos os brasileiros que lá estão e que queiram
vir para o Brasil. Inclusive, alguns companheiros que tinham parentes não
brasileiros eu pedi para trazer, e a gente trataria de legalizar as pessoas
aqui”, disse Lula.
Acolhimento
Os repatriados
ficarão hospedados, por dois dias, em um alojamento da Força Aérea Brasileira
(FAB) na Base Aérea de Brasília. Nesse período, vão receber atendimento
médico, psicológico e vacinação, além de regularizar a situação no país
para ter acesso a políticas públicas e emprego.
Depois, parte do
grupo irá para outras cidades: 24 para São Paulo (sendo 12 para casas de
parentes e 12 em abrigos para refugiados no interior do estado), um para Novo
Hamburgo (RS), um para Cuiabá e dois para Florianópolis. Quatro continuarão em
Brasília. Os deslocamentos serão feitos em aviões da FAB.
O voo foi o décimo
da Operação Voltando em Paz, do governo federal, que resgatou brasileiros que
estavam na área de conflito. Dos 32 repatriados, 22 são brasileiros, sete
palestinos naturalizados brasileiros e três palestinos parentes de brasileiros.
Desde o início do conflito no Oriente Médio, 1.477 passageiros – 1.462 brasileiros, 11 palestinos, três bolivianas e uma jordaniana - e 53 animais domésticos foram resgatados.
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ROMAN RAITER - JUSTIÇA AO OASE